Páginas

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Mensagem de Natal

Neste dia que antece o dia especial que é o Natal, transcrevemos aqui a mensagem de Natal do Bispo do Porto, António Francisco dos Santos:




Um Natal sem embargo

1. Mais do que de palavras, o Natal é feito de vida, de gestos e de pessoas. O Natal é feito de Deus. Celebrar Natal é celebrar o nascimento do Filho de Deus.
Nestas semanas de Advento tenho visitado paróquias e instituições. Em todos os lugares encontrei sempre pessoas e famílias, casas e comunidades com vida e alma de Natal.
Inspira-se esta mensagem de Natal, o primeiro que vivo no Porto, num relato simples, recebido por entre confidências de memórias do tempo e desafios da missão que Deus me confia. Vem esta história de vida de uma família de nome conhecido no País e prestigiado na nossa Cidade. O pai, médico de profissão, costumava sair de casa cedo, na véspera de Natal, como se tivesse diante de si um longo dia de trabalho.

No ano em que o seu terceiro de seis filhos concluiu o Curso de Medicina convidou-o a acompanhá-lo nessa aparente rotina de Natal. Levou-o a Valadares a visitar uma senhora pobre e só, doente cancerosa, sem família que a pudesse ajudar. Depois passou por um Orfanato do Porto, assim se dizia ao tempo, visitou as crianças e colocou discretamente nas mãos da Irmã Superiora um envelope com uma oferta. Aí se demorou durante a manhã.
O filho médico, agora dedicado a uma grande Instituição de Bem da nossa cidade, ao evocar com emoção este gesto, disse-me que, nesse dia, o pai lhe ensinou a viver sempre com espírito de Natal a sua vida como vocação e como missão de serviço ao bem.
O Natal é para os cristãos e para os homens e mulheres de boa vontade um tempo para que Deus nasça no coração humano e uma escola onde o bem, a bondade, a solidariedade e a alegria do evangelho se vivem, se encontram, se aprendem e se ensinam.

2. No mesmo dia e à mesma hora em que ouvia esta bela lição de Natal, que vai habitar a minha vida toda e para sempre, soube que, com a ajuda discreta, silenciosa e eficaz do Papa Francisco, a celebrar, nesse dia, o seu aniversário, tinha terminado o embargo da poderosa Nação americana à pequena Ilha de Cuba, depois de 53 anos de sofrimento desnecessário e de protestos inúteis.
O fim do embargo não foi apenas a melhor prenda de aniversário para o Papa Francisco. Foi, também, uma grande bênção de Natal para o Mundo.
Há 2.000 anos, apesar de todas as profecias e advertências divinas, Jesus não teve lugar para nascer nas hospedarias convencionais. Nasceu na periferia da cidade de Belém, no seio de uma família estrangeira, que vinha de longe!
É propósito pastoral da nossa Diocese fazer da “alegria do evangelho a nossa missão”. Queremos construir no coração de cada um de nós, no espaço abençoado das nossas famílias e no âmbito celebrativo da fé das nossas paróquias “uma casa para a alegria do evangelho”.
Queremos ser casas e igrejas de portas abertas onde todos possam entrar e celebrar Natal. Queremos sentar os pobres à nossa mesa de Natal, mas precisamos, também nós, de nos sentarmos à mesa dos pobres e com eles partilharmos a vida, afirmarmos a nossa presença solidária e testemunhamos a beleza da fé para que não haja espaços vazios que ninguém ocupe, caminhos que ninguém percorra, pessoas que ninguém conheça, visite ou ame.

3. Partilharei a refeição de Consoada dos “Sós”, preparada numa das paróquias da periferia da nossa Cidade, e viverei o domingo a seguir ao Natal, que é o dia litúrgico da Família de Nazaré, com os sem abrigo numa das paróquias do centro do Porto.
Penso com particular afeto e permanente oração nas famílias feridas pela morte prematura de algum dos seus membros, magoadas pela doença, atingidas pela rutura do amor ou a viver a provação da falta de trabalho que o desemprego sem fim à vista provoca. Sei que para estas famílias o Natal é mais difícil mas mais necessário!
São muitas também as lágrimas de tantas mães que choram a morte dos seus filhos e de muitas famílias que se vêm separadas pela emigração forçada pela crise social que atinge o nosso País ou imposta pelas guerras e desavenças políticas em tantos povos do Mundo.
O Natal é, também, tempo para saudar as pessoas e agradecer as instituições que neste tempo afirmam com a verdade de sempre e com maior visibilidade o bem que realizam como apóstolos da bondade de Deus e como servidores da alegria do evangelho, para que o Natal aconteça e esteja ao alcance de todos.
Procuremos fazer do Natal de 2014 tempo de alegria, de esperança, de paz, de misericórdia, de bondade e de reconciliação, ancorando-nos na certeza de que Deus fez morada entre nós, tem berço no coração dos cristãos e está vivo e presente no meio do seu Povo.
Em comunhão fraterna com os Bispos que servem esta Igreja do Porto ou aqui vivem, desejo aos sacerdotes, diáconos, consagrados (as) e leigos (as) diocesanos e diocesanas desta amada Diocese do Porto, a quantos aqui habitam ou nos visitam nesta época do ano, um santo e abençoado Natal!

Porto, 21 de dezembro de 2014
António, Bispo do Porto

domingo, 7 de dezembro de 2014

Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria - Padroeira principal de Portugal

Amanhã vamos celebrar a solenidade de Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria - padroeira principal de Portugal.




Este ano a celebração foi organizada pelo grupo de catequese de adultos do nosso centro de catequese, composto por aproximadamente duas dezenas de adultos e jovens adultos do centro de catequese (catequistas), elementos do grupo coral, da mesa administrativa da confraria do Senhor Jesus da Boa-vista e por alguns membros da comunidade. É um grupo plural e diversificado com idades entre os 17 e os 70's...aqui a idade deixa de ter limite máximo. 

Para este grupo em particular esta solenidade tem um significado muito especial pois durante muitos anos este foi o "dia da mãe". Assim, e seguindo a proposta da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa vamos nele incluir a bênção das grávidas - pedindo aos nossos leitores que partilhem esta publicação com as futuras mães que conhecem:



Ó Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, 
estrela da nova evangelização, 
Senhora da vida,intercedei ao vosso Divino Filho
por todas as mulheres que esperam o nascimento dos seus filhos,
para que cada mãe que acalenta no seu seio uma vida nascente, 
viva na saúde da alma e do corpo a alegria do amor de Deus pela humanidade.

Ó Maria bem-aventurada perante todas as gerações, 
porque o Todo-Poderoso realizou em vós maravilhas, 
rogai a Deus por todas as mulheres grávidas, 
com o vosso amor de Mãe, Mestra e Rainha portadora da salvação, 
para que as abençoe, proteja e guarde na paz, alegria, fidelidade e bem-estar.
Nós vos pedimos por vosso Filho Jesus Cristo, que é Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.
Ámen
 



segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Advento - tempo de Alegria

Hoje transcrevemos um texto do Editorial do Altos Voos, sobre este tempo de Advento



ESPERAMOS COM ALEGRIA

“A alegria é algo que sempre esperamos. É um golpe de asa que faz gigantes os desejos mais tímidos. Saber esperar. Esperar é uma sabedoria... É experimentar o “click”!  Com o Advento, a espera, a certeza e a alegria ganham nova e profunda dimensão.  O Advento faz-me voltar para o interior. O tempo da espera é esta grande metáfora de me dar conta  de  que  estou  sempre  em  caminho  em  direcção  a algo  que  me  está  a  ser  dado continuamente.  Quando  esperamos,  o  que  acontece  em  nós? 

Esperamos algo  que  não  temos,  e  é precisamente  a  espera  que  dá  alegria  ao  momento  em que  obtemos  o  que  esperávamos. Todos temos imensas histórias que podem dar exemplo disso! Quando se espera, deixa-se o presente para centrar energias num futuro que é uma promessa feliz. Por isso, a espera tem sempre  uma  surpresa  escondida,  é  uma  fonte  de  alegria  e  vem  sempre  associada  com  a confiança e esperança. Deixar-me levar na esperança e confiança de um Sonho de Deus para a minha Vida... Quando me dou conta de coisas fundamentais como ser amigo, saber perdoar, ser justo, solidário, esperar sem pressa.... Surgem encontros que trazem luz e cor... Não seria razoável esperar indefinidamente algo que nunca poderá vir a acontecer. O Natal é a celebração do nascimento de Deus que se faz Homem. Deus que entra na nossa história. O Natal faz-me ter a certeza de que acontece já a  manifestação de Deus na minha Vida, que verdadeiramente Ele chega até mim. Ir à Fonte da Alegria! Uma alegria tão profunda, como se nos revela no Evangelho de Lucas: os diálogos de Maria, o seu cântico; no relato do velho Simeão; da profetiza Ana... Este  tempo,  é  assim  um  tempo  de  procura  e  encontro de  Paz,  com novas  partilhas,  novos projectos, novas dimensões... Estar atento é saber ver os sinais! O tempo traz sempre sinais de esperança...   Cultivar a Alegria, alegria mais profunda, de ter a certeza que Deus nunca desiste de nós e que está sempre connosco, em tudo! Só nos resta agradecer, por tudo ser assim... tão pleno...e é esta Alegria de Deus connosco, que irradia poemas de Esperança.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Encontros com Jesus


Nos últimos fins de semana, o grupo de catequistas auxiliares da nossa Comunidade tem participado em sessões de formação de como catequizar. No passado domingo dia 27, o tema tratado foi "Os elementos de uma catequese". Nesta sessão, os formandos aprenderam os vários pontos chave de uma catequese e estratégias para utilizar nos  encontros de catequese.

Todos os encontros de Jesus devem ter como objetivo acolher de modo fraterno e promover o encontro para que se criem laços.

O objetivo da catequese é promover a criação de laços com Jesus que nos acolhe fraternalmente.

FASES DA CATEQUESE:


- O Acolhimento:

Devemos proporcionar um encontro de relação pessoal, começando a criar laços. O modo como os acolhemos vai influenciar a relação estabelecida com eles, porque todos nós somos sensíveis ao acolhimento que nos fazem. Para um bom acolhimento é preciso saber: "ver", "ouvir", "falar", "dialogar", "refletir", "estar com", "estar para", ...
A alegria e a humildade são indispensáveis para um bom acolhimento.
O catequista é o melhor exemplo para dar testemunho aos seus catequizandos, é nele que eles confiam. Antes de acolher os filhos, o catequista deve acolher os pais estando pelo menos 15 minutos antes do início no local (acolhimento humano - como foi a semana...) Para além disso, já dentro da sala, o acolhimento continua (acolhimento ambiencial - sala pré-preparada, diálogo...).

- Elementos de uma Catequese:

1) Experiência Humana,
Partimos de experiências concretas e reais. Esta tem de ser vivida (que se vive atualmente), evocada (de consciências vistas nos media, por exemplo) e provocada (o catequista é que os faz viver e experienciar através de dinâmicas ou estratégias. A experiência humana tem de ser alargada/universalizada e, posteriormente, aprofundada.

2) Palavra ou Experiência da Fé,
Propomos a palavra recorrendo à Sagrada Escritura (Bíblia), à Sagrada Tradição (atividades dos apóstolos) ou ao Magistério (ao Papa e a escrituras atuais). Confrontamos a nossa vida com a de Cristo. Depois de anunciada, essa Palavra tem de ser interiorizada e, posteriormente, convertida para ser vivida.

3) Expressão da Fé,

Em catequese celebrar é responder ao convite de Deus, aderir à Igreja, promover uma interação entre a fé e a vida e exteriorizar uma atitude de ação de graças e de louvor.
Celebramos a fé através de orações, cânticos, gestos...
Doutrina ou Síntese da Fé: é importante, portanto, sintetizar a fé na catequese através de perguntas e respostas, frases ou expressões do Evangelho, dísticos, foto-montagens, imagens, etc.
 
Compromisso: a catequese consiste em iluminar a vida, propondo a mudança da mesma.

(Manuel Gerardo)

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Primeiro dia do peregrino



Hoje, 13 de outubro, celebra-se o primeiro Dia Nacional do Peregrino em Portugal, uma decisão recente do Parlamento português aprovou a instituição do Dia do Peregrino que reconhece a importância do fenómeno do peregrinar.
 
Para Lourenço de Almeida, membro da direção do Centro Nacional da Cultura e responsável pelo projeto “Caminhos de Fátima”, a iniciativa vem reconhecer a importância do ato de peregrinar", não só do ponto de vista “religioso” mas também ao nível de todas as “atividades complementares” que a partir dele se geram. Salienta ainda que “Hoje já ninguém duvida que a cultura ultrapassa a informação e os conhecimentos e integra o cultivo das relações com a natureza, na qual nos inserimos. É o fruto dessa interação que o peregrinar nos proporciona”.
 
A delegada e voluntária do Centro Nacional da Cultura para o Caminho do Mar acredita que a criação do Dia do Peregrino resulta também de uma nova forma de encarar esta atividade.
 
“Há uns anos confidenciavam-me que cumpriam promessas. Hoje vejo que vão à procura de algo, à procura de Deus. A instituição deste dia faz-nos olhar para os peregrinos como pessoas que procuram algo de bom, para além de fatores económicos que não deixam de ser importantes”, aponta Isabel Blanco Ferreira.
 
Em jeito de conclusão transcrevemos um texto, de autor desconhecido, intitulada: Cristo e eu

Eu, peregrino. Ele o caminho.
Eu, a pergunta. Ele a resposta.
Eu, a água. Ele a fonte.
Eu, tão fraco. Ele a força.
Eu, as trevas. Ele a luz.
Eu, o pecado. Ele o perdão.
Eu, a luta. Ele a vitória.
Eu, o inverno. Ele o sol.
Eu, caindo. Ele a Rocha.
Eu, doente. Ele o milagre.
Eu, a pauta. Ele a sinfonia.
Eu, o grão de trigo. Ele o pão.
Eu, comungando. Ele a Eucaristia.
Eu, a gota. Ele o oceano.
Eu, a procura. Ele o endereço.
Meu passado e meu presente em suas mãos.
Meu futuro: todo Dele.
Eu, no tempo.....E Cristo a Ressurreição

(texto adaptado da Agência Ecclesia)

sábado, 4 de outubro de 2014

Sínodo dos Bispos



Desde o próximo domingo até ao dia 19 deste mês de Outubro decorre, no Vaticano, a primeira etapa do Sínodo dedicado à família. Trata-se, por agora, de “recolher testemunhos e propostas dos Bispos para anunciar e viver de maneira fidedigna o Evangelho para a família”; a segunda, destinada a “procurar linhas de acção para a pastoral da pessoa humana e da família”, cumprir-se-á no próximo ano (2015).
 
A expetativa é grande até porque o documento preparatório considera a reflexão “necessária”, “urgente” e “indispensável” e os temas a discutir abrangem as condicionantes socioeconómicas, as evoluções culturais e as dificuldades e complexidades que a família enfrenta em cada país ou região.
 
Assim, deixamos aqui hoje um pedido de oração à Sagrada Família pelo sínodo dos Bispos sobre a família:

Jesus, Maria e José,
em Vós, contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
a Vós, com confiança, nos dirigimos.

Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
escolas autênticas do Evangelho
e pequenas Igrejas domésticas.

Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais se faça, nas famílias, experiência
de violência, egoísmo e divisão:
quem ficou ferido ou escandalizado
depressa conheça consolação e cura.

Sagrada Família de Nazaré,
que o próximo Sínodo dos Bispos
possa despertar, em todos, a consciência
do carácter sagrado e inviolável da família,
a sua beleza no projecto de Deus.

Jesus, Maria e José,
escutai, atendei a nossa súplica


(texto adaptado da crónica de Pe. João Aguiar Campos - Agência Ecclesia)

domingo, 28 de setembro de 2014

Senhora do Porto

Hoje transcrevemos um artigo da autoria do historiador Germano Silva, publicado no Jornal de Notícias do passado domingo, 21 de setembro de 2014, dia das Festividades em Honra de Nossa Senhora do Porto





Aquele morro altissimo que fica entre a Rua das Antas e a igreja paroquial do Bonfim chamou-se antigamente o Fojo – palavra que significa “cova funda com uma abertura disfarçada para apanhar animais”.


Pode hoje não parecer, mas, há pouco mais de duzentos anos, antes de toda aqueça zona se desentranhar em urbanismo, o sitio em questão tinha mesmo o aspeto medonho de um barranco inóspito, de um perigoso precipício.


No cimo do penhasco foram construídas, há muitos anos, por viajantes piedosos, umas “alminhas” que no seculo XVIII, mais concretamente em 1767, a generosidade do cónego da Sé do Porto José Maria de Sousa e as esmolas do povo devoto transformaram numa capela sob a invocação do Senhor Jesus do Fojo que, anos mais tarde, passaria a chamar-se Senhor Jesus da Boa-vista.


O nome de Senhor Jesus da Boa-vista, assim como o topónimo de Montebelo (atual Fernão de Magalhães) têm a ver com o ambiente rural que naqueles recuados tempos envolvia o Fojo.

Descrições da zona feitas ainda nos meados do século XIX fazem referências a “amplas zonas cobertas de férteis campos” e de um “panorama verdadeiramente paradisíaco” que, por esses tempos, era possível desfrutar do pequeno adro que havia em frente da capela, “todo circundado de arvoredo, o que o torna (ao adro) muito agradável para quem ali quiser pousar”.


Bom, este panorama já não é possível contemplar. Mas a capela, depois de ter sido construída em 1864, ainda se lá se encontra e hoje mesmo está em festa porque nela se celebra a festividade da Senhora do Porto cuja imagem se venera em altar próprio no interior do pequeno templo.


É bem curiosa a história desta Senhora do Porto. Escrevemos desta, porque há mais duas imagens da mesma invocação: uma que é a da padroeira da paróquia da Senhora do Porto, ao Monte dos Burgos, e a terceira foi da casa da Prelada e está no Museu da Santa Casa da Misericórdia do Porto, na Rua das Flores. 


Mas, vamos à história da Senhora do Porto do Montebelo, ou do Fojo, se preferirem.
Durante a segunda invasão francesa, que ocorreu sob comando do general Soult, no ano de 1809, a cidade esteve a saque. Os soldados franceses, durante vários dias, além de terem cometido toda a sorte de tropelias e vilezas para com os portuenses, saquearam casas e igrejas de onde roubaram tudo o que tivesse valor.


Um certo dia, ainda no decurso da ocupação, apareceu ali para os lados do Bonfim um soldado francês a oferecer à venda, a quem com ele se cruzava, uma imagem de Nossa Senhora. Passou por ele um funcionário da Câmara que ofereceu pela imagem um pinto, moeda de prata corrente na época. Fez-se o “negócio” e o comprador levou a imagem à capela do Senhor Jesus da Boa-vista onde ficou sob a invocação de Nossa Senhora do Porto, que tem a sua festa anual exatamente hoje, terceiro domingo do mês de setembro.


Mas esta não é a única festa que se realiza ma capela. Importante também é a que se faz no primeiro domingo de Julho em louvor do próprio Senhor Jesus da Boa-vista, cuja imagem ocupa o lugar de honra, se assim se pode dizer, do altar principal da capela. Também esta imagem tem uma história. Foi seu autor o escultor portuense Manuel Soares de Oliveira, que um dia fez a promessa de esculpir uma imagem do Senhor Jesus da Boa-vista, em tamanho natural, que ofereceria à capela se ficasse livre do serviço militar. Assim aconteceu e o artista cumpriu a promessa.


Durante o Cerco (1832/1833) foi construída uma linha de defesa do Porto que, nesta zona da cidade, passava junto da capela do Senhor Jesus da Boa-vista. Por causa disso, o pequeno templo foi muito danificado pelos obuses que a atingiram durante os renhidos combates que se travaram no alto do penhasco do Fojo. O sitio era privilegiado porque dele era impossível atingir a sempre muito movimentada estrada de Valongo. A ampliação da capela feita em 1864 teve, também, entre outros, o objetivo de reparar as mazelas causadas pela guerra civil que opôs as tropas de D. Miguel ao exército de D. Pedro IV.


O sítio onde agora corre a Avenida Fernão de Magalhães, antes da abertura das artérias circundantes e da construção de enormes edifícios, chamava-se simplesmente Montebelo. A Rua do Amparo (evocação a Nossa Senhora do Amparo?) era, antigamente, a Viela da Palha. E havia o lugar de Goelas de Pau, com seu belo mirante, onde também se travaram combates durante a segunda invasão francesa e no tempo do Cerco. O Governo português comprou esta propriedade em 1892 e, sete anos depois, por ocasião de uma epidemia que assolou a cidade, chamada a peste bubónica, construiu-se ali um hospital para tratamento dos pestíferos. O Hospital Joaquim Urbano.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Homilia - Abertura do ano pastoral

Hoje transcrevemos a homilia do Bispo do Porto, aquando da abertura do ano pastoral:



1. Acompanha-me nesta hora de abertura solene do novo Ano Pastoral na nossa Diocese a bela saudação de S. Paulo aos cristãos de Roma: “Graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (Rom.1,7).
S. Paulo diz aos romanos que pelo Evangelho foi chamado a ser apóstolo e diz-nos a nós que os cristãos de Roma foram igualmente chamados pelo mesmo Evangelho a “serem de Cristo”.

A vocação do apóstolo é modelo da vocação dos cristãos. Mas a vocação do apóstolo é mais do que modelo. É missão. Foi pela missão que S. Paulo se tornou testemunha qualificada da alegria do Evangelho

Nas cartas, na vida, nas viagens, no trabalho de S. Paulo escreve-se a vida e afirma-se a missão da Igreja. Assim se escreveram, igualmente, os Atos dos Apóstolos, que nos falam da beleza e do encanto da Igreja nascente.

Também nesta hora se escreve mais uma página da vida da Igreja do Porto, escrita ao jeito de S. Paulo, com alegria, com entusiasmo e com esperança.

Abre-se, em dia da Dedicação da Igreja Catedral, para a nossa Diocese o novo caminho pastoral, que vamos percorrer ao longo deste ano. Temos o nosso olhar colocado no horizonte da celebração dos 150 anos do nosso Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição, no próximo dia 15 deste mês, e dos 900 anos da restauração da Diocese, em outubro próximo, e daí partiremos no rumo do futuro, com datas a recordar e com metas a percorrer.

2. O início de cada Ano Pastoral exige um olhar novo e projeta-nos para um horizonte diferente. Temos diante de nós um método de pedagogia pastoral, alicerçado na corresponsabilidade eclesial nos diversos níveis, âmbitos e instâncias, e uma meta definida, concreta e marcada no tempo. Um ano é uma breve etapa que nos vai permitir uma reflexão mais ampla a afirmar a nossa disponibilidade para realizarmos um esforço pastoral comum de maior alcance para que a Igreja do Porto consciente na fé, mobilizada no seu todo, fortalecida na comunhão e renovada na caridade seja sinal de esperança para o mundo.

Sabemo-nos todos necessários e queremo-nos todos envolvidos, cultivando formas, meios e oportunidades para viver de Cristo e anunciar em seu nome a alegria do Evangelho.
Queremos ser, como diz S. Paulo aos Coríntios: “uma carta de Cristo, ministrada por nós, escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas que são corações de carne”(2 Cor.3,3).

Convido-vos a ler e a escrever esta carta com o mesmo encanto com que se escreveram as páginas do início da Igreja no Porto, da restauração da Diocese, séculos depois, da sua organização pastoral, da construção dos seus Seminários e doutras necessárias estruturas pastorais, do testemunho vivo dos seus bispos, sacerdotes, diáconos, seminaristas e consagrados e da afirmação pública dos cristãos do Porto, conscientes da sua fé e da implicação do seu testemunho coerente de vida no viver da Cidade e do País.

Convoco-vos para a missão. Ao verem-nos disponíveis e generosos e ao sentirem-nos discípulos de Jesus, o Mestre e Senhor, outros se juntarão a nós, guiados pelo mesmo Espírito de Deus.

3. Escolhemos como lema para este Ano pastoral: “A alegria do evangelho é a nossa missão”. Inspira-nos nesta escolha a recente Exortação Apostólica do Papa Francisco: “A alegria do Evangelho”.

Desta Exortação Apostólica faremos texto e tema para a nossa formação, no decorrer do tempo, e orientação de atividades e iniciativas ao longo de todo o Ano pastoral, concretamente nas Caminhadas de Advento-Natal e de Quaresma-Páscoa, que em tempo oportuno apresentarei à Diocese.

Desde o início do meu ministério, no Porto, encontrei na Igreja, que Deus me enviou a servir, esta alegria do Evangelho, desenhada e esculpida na alma de uma Igreja com um belo e longo percurso histórico e mais recentemente impressa e expressa em inovadoras experiências pastorais, vividas a nível das pessoas, das paróquias, das vigararias, dos movimentos e das instituições, de que destaco: a Missão 2010, as Jornadas Vicariais da Fé e a celebração dos Dias diocesanos, a que acresce o dinamismo vicarial e paroquial sentido nas nossas Comunidades cristãs.

Um novo ano pastoral, e este em concreto, que é o primeiro que vivo convosco como bispo para vós e como irmão convosco, deve ter a esperança como motor e como força propulsora das atitudes a cultivar e dos programas a realizar nas várias vertentes pastorais. Queremos ser um Igreja onde as pessoas sintam o gosto de a ela pertencerem.

A esperança surge assim na Igreja diocesana como presença irradiante da renovação que se deseja e do serviço aos mais pobres que realizamos.

O serviço aos mais pobres exige atenção demorada e criativa. Implica proximidade e escuta. Necessita de persistência e de aprendizagem. Procura respostas novas para problemas diferentes e para pessoas concretas, únicas e irrepetíveis. É necessário ir ao coração dos problemas sociais para proteger os mais frágeis e promover a sua dignidade.

A pobreza não é uma fatalidade nem pode ser uma tirania a subjugar os mais frágeis ou desprotegidos. A Igreja do Porto nunca deixará esgotar na sua missão nem extinguir em cada um de nós a generosidade e a caridade ao serviço dos mais pobres.

Cada batizado, como sabemos, é responsável pela sorte do Evangelho em ordem a construir um mundo melhor. Deve viver esta responsabilidade e realizar esta missão integrado na comunidade cristã e possuindo o sentido da Igreja Diocesana.

Convido-vos, irmãos e irmãs, a viverdes este desafio prioritário que nos torne acolhedores, disponíveis e com espírito de comunhão nas paróquias, nas vigararias, nos secretariados, nos movimentos, nas instituições e na pastoral diocesana no seu todo.

4. Inicia-se no próximo dia 5 de outubro, em Roma, o Sínodo extraordinário dos Bispos sobre “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. Teremos presente, ao longo de todo o ano, esta iniciativa do Papa Francisco e a sua intenção de dar centralidade à família, na oração e na missão da Igreja.

Vamos viver, igualmente, em comunhão com o Papa Francisco o Ano dedicado à Vida Consagrada. Queremos agradecer a Deus o dom das comunidades religiosas e da vida consagrada na nossa Diocese e dar mais visibilidade e atenção ao testemunho da vida consagrada.

Nunca perderemos na linha do horizonte desta viagem pastoral a prioridade a dar à pastoral vocacional que deve impregnar de espírito e de esperança toda a pastoral. Somos chamados, em Igreja, a sermos promotores das diferentes formas de realização vocacional, muito em especial das vocações sacerdotais e das vocações de consagração.

Partimos, irmãos sacerdotes, diáconos, seminaristas, consagrados e consagradas, leigos e leigas, catequistas, educadores, professores de Educação Moral e Religiosa Católica, agentes de pastoral nas diferentes vanguardas da missão pastoral para esta viagem feliz de um novo ano pastoral, dispostos a trabalhar como se tudo dependesse de nós e decididos a rezar, sabendo que tudo depende de Deus.

A palavra de Deus, hoje proclamada, ajuda-nos neste propósito pastoral que aqui se faz compromisso de missão e ilumina-nos no caminho que agora iniciamos.

Este é o templo do Senhor, de que nos falava a primeira leitura. Este templo é sinal de que Deus habita no meio do seu povo (Ez 43, 1-7). Sabemos todos que “o templo de Deus é santo e nós somos esse templo” (cf 1 Cor 3, 9-17). Igualmente expressivo é o texto do Evangelho que nos narra o encontro e o diálogo de Jesus com Zaqueu. Faz-nos bem ouvir de Jesus esta palavra, também dita para nós: “Hoje entrou a salvação nesta casa” (Lc 19, 1-10).

São muitos, aqueles que procuram Deus, porventura de forma tímida e de modo discreto. A todos somos enviados em missão, ao longo do ano que hoje começa, para que também neles Deus tenha o seu templo e para que Jesus entre em sua casa.

Procuremos ver Jesus. Caminhemos em frente. “Façamo-nos ao largo”, neste oceano imenso do mistério santo de Deus e da urgência do Absoluto. Demos prioridade à incessante procura do essencial na vida e na missão de todos nós bispos, sacerdotes, seminaristas, diáconos, religiosos e leigos.

5. Confio este Ano Pastoral e as realizações que nele vão decorrer à proteção terna de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da Catedral e da nossa Diocese.

É sob o seu olhar materna que a Diocese do Porto sempre caminhou ao longo da história. É sob a bênção constante deste mesmo olhar que vamos caminhar ao longo do novo Ano Pastoral, que hoje aqui se inicia. Feliz Ano Pastoral!

domingo, 7 de setembro de 2014

Santa Clara






Hoje é dia de festa na nossa paróquia do Bonfim, Porto (Portugal), é do dia da festa de Santa Clara. Podemos até dizer que é dia de festa na nossa cidade do Porto dada a tradição desta festa na cidade que reúne muitos devotos e romeiros não só da cidade como dos arredores.

Santa Clara nasceu no tempo do Império Romano. Os seus pais não eram cristãos, professavam o paganismo. Mas, reza a tradição, um dia Clara sentiu-se interpelada pelo testemunho de fé dos jovens da sua idade que eram martirizados nas arenas de Roma, por ordem dos imperadores. Procurou conhecer a fé cristã e pediu o baptismo.

Chamada a tribunal pelas autoridades do Império, defendeu a sua fé cristã e mostrou desejo de morrer por Cristo. Acabou martirizada no tempo das perseguições de Diocleciano e Maximiano, na mesma época em que as portuguesas santas Quitéria, Liberata e Gema. Foi sepultada nas catacumbas de S. Calisto.

Em 1777, o Cardeal Caprara pediu permissão ao Papa Pio VI para pôr à veneração dos fiéis as relíquias de Santa Clara. Nessa época, estudava em Roma um cidadão do Porto, o pintor e professor de desenho da Academia do Porto, José Teixeira, que foi religioso leigo da Ordem de S. Bento. 

Com o desejo de enriquecer a Igreja do Bonfim com tão precioso tesouro, pediu ao Cardeal Caprara o corpo da Mártir, tendo este acedido ao pedido. Dois anos depois, em 1779, o corpo de Santa Clara foi transportado de navio para Portugal. Durante esta viagem, a embarcação foi assolada por uma tempestade, mas por sua intercessão, nenhum mal aconteceu à tripulação. Antes de entrar em Portugal, passou por Barcelona, tendo sido procurada por grandes multidões. Em Saragoça, chegou a ser alvo dos esforços do Bispo local para ficar no altar de Nossa Senhora do Pilar. Em Lisboa, também foi alvo de “cobiça” de alguns párocos locais, tendo o mesmo sido verificado no Porto.

Após uma estadia na Igreja de Nossa Senhora do Terço e Caridade do Porto (Cimo de Vila) foi transladada, no primeiro domingo de Setembro de 1803, para a Igreja do Bonfim. Desde esta data, tornou-se alvo de grande devoção, sendo conhecida como a "Santa do Bonfim", intecessora e protectora dos marinheiros, mães com dores de parto e problemas de fala das crianças e também é “costume” os noivos oferecerem ovos a Santa Clara “em troca” de um dia de sol para o seu casamento.

Este ano, a eucaristia solene foi presidida pelo Bispo do Porto, D. António, e à hora desta publicação ainda poderão assistir nomeadamente no dia 7 a concertos (15h30 - Concerto de Rui Vilhena e Rita Azevedo e 21h30 - Quinteto de Jazz - Conservatório de Música do Porto), dia 12 a atuação do Rancho Folclórico do Porto e Companhia de Baile Flamenco às 21,30 h. realizam-se também no âmbito das festas duas conferências : "A Alegria do Evangelho e da Evangelização" dia 8 pelo Pe. Américo Aguiar e dia 11 por D. Ximenes Belo, ambas às 21:30h.
 
Por fim, deixamos aqui uma “viagem de quase 7 minutos” à igreja do Bonfim:



(texto adaptado de www.etc.pt)

sábado, 6 de setembro de 2014

Construir o futuro

Hoje trazemos mais um artigo da Agência Ecclesia, da autoria de Octávio Carmo, que fala sobre o futuro num momento especial que é o regresso "pós-férias": regresso ao trabalho e regresso às aulas:



O fim do verão, que este ano passou muito discretamente pelo país, traz muitos de volta à realidade laboral e escolar que vai marcar os seus dias nos próximos meses. O interregno - cada vez menos generalizado, é certo - foi invulgar, não só por causa do clima, mas pelas diversas crises, do ébola à guerra na Ucrânia, passando pelos desvarios do autoproclamado Estado Islâmico. Apesar de tudo, fica a nota positiva do menor número de incêndios, poupando vidas e bens, em Portugal.

O mergulho na ‘realidade’ vai ter, por isso, um pano de fundo diferente. De crise financeira em crise financeira, parece ser difícil ter um fundo de esperança para vislumbrar algo de diferente no futuro. Qualquer ténue sinal de recuperação tem sido abafado por cataclismos ‘imprevistos’, que ninguém conseguiu ou quis ver antecipadamente, deixando adivinhar mais do mesmo, para os mesmos.

Ganha por isso particular importância a reflexão sobre a dimensão social do anúncio do Evangelho que a Igreja Católica, através do seu Secretariado Nacional de Pastoral Social, quer promover. O labirinto da crise financeira, os constrangimentos orçamentais e os sacrifícios impostos em prol do pagamento da dívida estão longe de ser respostas para a vida de milhões de pessoas que acreditaram numa sociedade melhor, mais justa e fraterna - porque não dizê-lo, mais cristã.

O poder transformador do Evangelho é fundamental neste impasse civilizacional em que o projeto europeu parece estar mergulhado. A falta de valores comuns, de fundo, que ultrapassem a mera visão utilitarista das pessoas e das nações, ameaça a estabilidade e a paz, exigindo a mudança de paradigma e a recentralização das preocupações na pessoa e na dignidade de cada um, como o Papa Francisco tem vindo a repetir incessantemente.

Feitos os diagnósticos à crise, contestadas as receitas para as solucionar e abertas as feridas que todo este processo provocou, está na hora de procurar uma verdadeira cura e começar a construir o futuro. A Doutrina Social da Igreja, com o seu equilíbrio de princípios e o respeito absoluto por cada vida, por todas as vidas, que nunca podem ser instrumentalizadas, oferece um guia seguro para superar o desencanto ideológico de tantos e o aparente desnorte de quem devia ir à frente dos seus povos e, afinal, perdeu o rumo.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

S. Bartolomeu

Hoje falamos aqui sobre um santo muito "festivamente devocionado" em Portugal, S. Bartolomeu.





Adaptado da enciclopédia online Wikipedia:


São Bartolomeu Apóstolo foi um dos apóstolos de Jesus Cristo e o seu nome vem do aramaico.

Nenhuma narração bíblica lhe dá "destaque" especial e o seu nome consta apenas nas listas dos doze. No entanto, segundo a tradição, ele é o Natanael de que falam outras passagens, e isso fica evidente através da comparação entre os quatro Evangelhos. Natanael significa "Deus deu" - o significado desse nome fica claro levando-se em conta que ele vinha de Canã, onde deve ter testemunhado a ação de Jesus nas Bodas de Canã (Jo 2, 1-11).

Como narra a Bíblia, São Filipe comunicou a Natanael (São Bartolomeu) que havia encontrado o Messias, e que esse provinha de Nazaré, ao que Natanael responde dura e preconceituosamente: "De Nazaré pode vir alguma coisa boa?" (Jo 1, 46a). Essa observação é importante indicador das expectativas judaicais quanto à vinda do Messias, então tidas.

No seu primeiro encontro com Jesus, recebe um elogio: "Aqui está um verdadeiro Israelita, em quem não há fingimento" (Jo 1, 47), ao qual o apóstolo responde: "Como me conheces?". Jesus responde de forma que não podemos compreender claramente somente através das Escrituras: "Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas sob a figueira". Com certeza se tratava de um momento crítico e decisivo na vida de Natanael. Após essa revelação de Jesus, Natanael faz a sua adesão ao Mestre com a seguinte profissão de fé: "Rabi, tu és o filho de Deus, tu és o Rei de Israel".

Segundo fontes históricas, São Bartolomeu teria pregado o cristianismo até na Índia. Outra tradição diz que o apóstolo morreu por esfolamento em Albanópolis, atual Derbent, na província russa de Daguestão junto ao Cáucaso, a mando do governador, tanto que na Capela Sistina ele é pintado segurando a própria pele na mão esquerda e na outra o instrumento de seu suplício, um alfange. Segundo a Igreja Católica, mais tarde as suas relíquias foram levadas para a Europa e jazem em Roma, na Igreja a ele dedicada.

A título de curiosidade e transcrevendo o jornal Expresso:

Em São Bartolomeu do Mar, concelho de Esposende, manda a tradição que no dia 24 de agosto as crianças mergulhem no mar, não uma vez mas várias e em número ímpar, para que fiquem livres de males como o medo, a gaguez ou a epilepsia.

O chamado banho-santo é um dos pontos altos da romaria da terra e, a prová-lo, a praia local voltou a encher-se de gente neste domingo. Apesar do frio e da temperatura gelada da água, as crianças foram levadas pelos familiares aos mergulhos, num ritual que termina depois, para cada uma delas, com três voltas à igreja, segurando um galo preto.

A superstição é antiga, remonta ao século XIX e tem origem numa lenda, segundo a qual todos os anos, precisamente no dia 24 de Agosto, o diabo anda à solta, só voltando ao mar quando anoitece. É esse o motivo para levar as crianças ao mar, durante o dia, para que aproveitem as águas 'puras' para se curarem de muitos males.

O Papa Bento XVI na audiência do dia 4 de outubro de 2006 disse estas palavras que concluem o ensinamento da vida de São Bartolomeu: "Para concluir, podemos dizer que a figura de São Bartolomeu, mesmo sendo escassas as informações acerca dele, permanece contudo diante de nós para nos dizer que a adesão a Jesus pode ser vivida e testemunhada também sem cumprir obras sensacionais. Extraordinário é e permanece o próprio Jesus, ao qual cada um de nós está chamado a consagrar a própria vida e a própria morte"

sábado, 16 de agosto de 2014

Assunção de Maria

Hoje trazemos mais um artigo da Agência Ecclesia sobre a Assunção de Maria, celebrada a 15 de Agosto. O dogma foi definido em 1950 por Pio XII, mas este dia já era celebrado anteriormente e é feriado em Portugal.




A Igreja Católica assinala hoje a solenidade litúrgica da Assunção de Maria, um dogma solenemente definido pelo Papa Pio XII em 1 de novembro de 1950 e celebrado há vários séculos, numa data que é feriado em Portugal.

“Declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial", refere a constituição apostólica ‘Munificentissimus Deus’ com a qual se deu a definição deste dogma da fé católica.

Pio XII referia que “não só os simples fiéis, mas até aqueles que, em certo modo, personificam as nações ou as províncias eclesiásticas, e mesmo não poucos padres do Concílio Vaticano pediram instantemente à Sé Apostólica esta definição”.

“Com o decurso do tempo essas petições e votos não diminuíram, antes foram aumentando de dia para dia em número e insistência”, acrescentava.

Os católicos orientais celebram esta festa desde o século V com o nome de “Dormição de Maria”.

No calendário litúrgico da Igreja latina celebra-se, com a categoria de solenidade (a mais importante, além das celebrações dominicais), a 15 de agosto.

A festa da Assunção da Virgem Santa Maria é celebrada como padroeira principal da Diocese do Porto e titular da catedral, o mesmo acontecendo em Viana do Castelo, sob a designação de Santa Maria Maior.

Nas dioceses do Algarve, Aveiro, Braga (sob o título de Santa Maria de Braga), Évora, Guarda, Lamego, Leiria-Fátima, Lisboa (sob o título de Santa Maria Maior), Portalegre-Castelo Branco e Viseu este dia é o da festa titular das respetivas igrejas catedrais ou concatedrais.

sábado, 26 de julho de 2014

A fecundidade da terra está nas pessoas

Hoje trazemos mais um texto da agência Ecclesia, da autoria de Paulo Rocha, ótimo para ler nesta altura de férias



Férias, praia, regresso de emigrantes, encontros a gerar imagens que não se esquecem; a criar momentos que passam para molduras exibidas na memória principal muitas famílias, grupos ou comunidades. Entre quem sai e quem fica, estes instantes acontecem após a ausência de um rosto, ao longo de um ou mais anos e em episódios não poucas vezes anedóticos pela linguagem hibrida, mestiçagem de tradições e culturas ou a mistura de hábitos do quotidiano das origens com os de destino.

Procurar um local de férias, voltar ao seio da natalidade, descobrir tesouros em paisagens milenares e tentar perceber o que de melhor preenche o horizonte é um exercício sempre desafiante e possível de repetir vezes sem fim. Até para descobrir riquezas, produtos naturais que dão valor a uma porção de terra e que mostram a sua fecundidade, a sua capacidade de dar fruto para quem a habita e para quem por ela passa.

Visitar lugares de encontro habitual ou chegar à novidade de uma latitude não pode oferecer só a possibilidade de admirar o que os olhos contemplam e é dado pela natureza. Tem de ir além do que nasce, cresce, morre e volta a crescer pela força da terra, pelo sol que desponta e a chuva que densifica. Milagre da Mãe Natureza que a física, a química ou as ciências biológicas nunca alcançam plenamente e que mostram a força da Terra.

Mas não podem ficar por aí os olhares descansados dos dias de verão. Porque não é na terra que se encontra o que de melhor dela sai, mas nas pessoas que a habitam. Encontrar outras culturas ou o regressar ao ambiente natal, olhar o desconhecido ou percorrer espaços que viram crescer pessoas e famílias é oportunidade para o espanto diante do que cada um tem de melhor, porque mais autêntico. Experiência destes dias como do encontro entre o azeite e a água!

Há encontros com a energia de uma porção de terra, de uma comunidade ou um País que não se compreendem apenas com a classificação botânica ou as estatísticas de desenvolvimento. É necessário estar e ser com outras pessoas. Tanto em encontros ocasionais como nos reencontros entre companheiros de outros tempos.

As memórias podem exploram – apenas - o que de melhor cada um tem e foi capaz de colocar ao serviço de todos. (Pena é que nem sempre as pessoas assim sejam!)

Em férias, praia ou no encontro com quem regressa da emigração, faça-se a exibição de tudo o que se construiu, mostrem-se percursos de vida, os frutos de uma geração ou um ano de trabalho qual festa das colheitas, um verdadeiro “São Miguel” antecipado… Porque a fecundidade da terra está nas pessoas!