Hoje trazemos mais um texto da agência Ecclesia, da autoria de Paulo Rocha, ótimo para ler nesta altura de férias
Férias, praia, regresso de emigrantes, encontros a gerar imagens que
não se esquecem; a criar momentos que passam para molduras exibidas na
memória principal muitas famílias, grupos ou comunidades. Entre quem sai
e quem fica, estes instantes acontecem após a ausência de um rosto, ao
longo de um ou mais anos e em episódios não poucas vezes anedóticos pela
linguagem hibrida, mestiçagem de tradições e culturas ou a mistura de
hábitos do quotidiano das origens com os de destino.
Procurar um local de férias, voltar ao seio da natalidade, descobrir
tesouros em paisagens milenares e tentar perceber o que de melhor
preenche o horizonte é um exercício sempre desafiante e possível de
repetir vezes sem fim. Até para descobrir riquezas, produtos naturais
que dão valor a uma porção de terra e que mostram a sua fecundidade, a
sua capacidade de dar fruto para quem a habita e para quem por ela
passa.
Visitar lugares de encontro habitual ou chegar à novidade de uma
latitude não pode oferecer só a possibilidade de admirar o que os olhos
contemplam e é dado pela natureza. Tem de ir além do que nasce, cresce,
morre e volta a crescer pela força da terra, pelo sol que desponta e a
chuva que densifica. Milagre da Mãe Natureza que a física, a química ou
as ciências biológicas nunca alcançam plenamente e que mostram a força
da Terra.
Mas não podem ficar por aí os olhares descansados dos dias de verão.
Porque não é na terra que se encontra o que de melhor dela sai, mas nas
pessoas que a habitam. Encontrar outras culturas ou o regressar ao
ambiente natal, olhar o desconhecido ou percorrer espaços que viram
crescer pessoas e famílias é oportunidade para o espanto diante do que
cada um tem de melhor, porque mais autêntico. Experiência destes dias
como do encontro entre o azeite e a água!
Há encontros com a energia de uma porção de terra, de uma comunidade ou
um País que não se compreendem apenas com a classificação botânica ou
as estatísticas de desenvolvimento. É necessário estar e ser com outras
pessoas. Tanto em encontros ocasionais como nos reencontros entre
companheiros de outros tempos.
As memórias podem exploram – apenas - o que de melhor cada um tem e foi
capaz de colocar ao serviço de todos. (Pena é que nem sempre as pessoas
assim sejam!)
Em férias, praia ou no encontro com quem regressa da emigração, faça-se
a exibição de tudo o que se construiu, mostrem-se percursos de vida, os
frutos de uma geração ou um ano de trabalho qual festa das colheitas,
um verdadeiro “São Miguel” antecipado… Porque a fecundidade da terra
está nas pessoas!
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