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segunda-feira, 27 de maio de 2013

D. Manuel Clemente ruma a Lisboa


Certos que D. Manuel, que agora ruma a Lisboa, leva um pouco do Porto no seu coração e deixa uma marca no coração dos fieis da Diocese do Porto (e não só), transcrevemos as suas palavras aos diocesanos do Porto e a sua saudação ao Patriarcado de Lisboa. 
Muito obrigado pela dedicação, entrega e pelo seu exemplo nas várias acções que teve e promoveu na nossa Diocese. Todas as palavras que pudesse escrever eram insuficientes para transcrever o que de bom e novo nos trouxe.
 
 
 
 
Caríssimos diocesanos do Porto
Nesta hora, que começa a ser de despedida pela minha nomeação para o Patriarcado de Lisboa, quero agradecer-vos do coração toda a estima e proximidade com que me acompanhastes, desde que o Papa Bento XVI me nomeou para vosso bispo diocesano, a 22 de fevereiro de 2007.
Levarei comigo e em ação de graças as mil e uma expressões da amizade com que me recebestes e ajudastes no exercício do ministério. Nas comunidades cristãs, nas várias associações de fiéis e movimentos, nos institutos religiosos e seculares, bem como nas diversas instituições públicas e civis da grande região portuense, encontrei sempre o mais generoso acolhimento e a vontade firme de servir o bem comum. Em tempos tão exigentes como os que atravessamos, todas essas realidades a que dais corpo e alma são a melhor garantia daquele futuro fraterno, justo e solidário, de que ninguém desistirá decerto.
Quando vos saudei em 2007, disse trazer um só propósito e programa: conhecer, servir e amar a Diocese do Porto. Com a graça de Deus, algo se cumpriu de tal desiderato. Conheci-vos de perto, servi-vos como pude e com estima que permanece, em perpétua gratidão. Em tudo foi da maior valia a colaboração de muitos, começando pelos Senhores Bispos que me acompanharam no serviço diocesano, com incansável entrega. Com eles, os vigários gerais, os membros do colégio de consultores (cabido da sé) e todos os membros da cúria diocesana e da casa episcopal; bem assim os responsáveis pelos nossos três seminários diocesanos, os vigários da vara e seus adjuntos, os responsáveis pelos secretariados diocesanos, os membros dos conselhos presbiteral e pastoral e de outros conselhos e comissões, instâncias de participação e organismos. Referência especialíssima quero fazer ao clero paroquial, secular ou regular, incansável na sua dedicação ao serviço quotidiano do Povo de Deus, especialmente aonde tem de acumular várias comunidades e serviços. Saliento também os diáconos permanentes, os consagrados/as e os milhares de fiéis leigos que colaboram ativamente na catequese e no serviço da Palavra e da oração, na vida litúrgica e na ação sociocaritativa. – Grande e bela é a Diocese do Porto, na imensa aplicação dos seus membros ao serviço de Deus e do próximo!
É por tudo isto que vos quero reiterar uma palavra de agradecimento e bons votos. Agradecimento, que traduzirei em oração por todos e cada um de vós, as vossas comunidades e famílias. A minha entrada no Patriarcado será a 7 de julho, ficando convosco até perto desse dia. O coração não tem distância, só profundidade acrescida. Aqui ou além, continuaremos juntos, no coração de Deus.
Sempre vosso amigo e irmão,
+ Manuel Clemente (Porto, 18 de maio de 2013)
 
 
 
 
Caríssimos diocesanos do Patriarcado de Lisboa
Por nomeação do Santo Padre, o Papa Francisco, regressarei a Lisboa em julho próximo, para vos servir como Bispo Diocesano. É um regresso enriquecido por quanto aprendi na Igreja Portucalense, na grande generosidade e aplicação dos seus membros, a tantos títulos notáveis. Como sabeis, não é a primeira vez que um bispo portucalense continua o seu ministério entre vós: assim aconteceu designadamente com D. Tomás de Almeida, que daqui partiu para ser o primeiro Patriarca de Lisboa, em 1716.
De Lisboa trouxe eu para o Porto cinquenta e oito anos de vida convivida, como leigo e ministro ordenado, sob o pastoreio dos Cardeais Cerejeira, Ribeiro e Policarpo. De todos eles guardo larga e agradecida recordação, em especial do Senhor D. José Policarpo, de quem fui aluno e depois colaborador próximo no Seminário dos Olivais e no serviço episcopal, muito ganhando com a sua amizade, inteligência e conselho. A ele dirijo neste momento palavras sentidas de muita gratidão e estima, sabendo que posso contar com a sua sabedoria e experiência. Do Porto levo para Lisboa mais seis anos, plenos de vida pastoral intensa nesta grande Igreja e região, quer no dia a dia das suas comunidades cristãs, quer no dinamismo cívico e cultural dos seus habitantes e instituições.
Assim vos reencontrarei. As minhas palavras vão cheias do grande afeto que sempre mantive por todas e cada uma das terras e populações que, de Lisboa a Alcobaça e do Ribatejo ao Atlântico, integram o Patriarcado de Lisboa. Falo das comunidades cristãs e de quantos, ministros ordenados, consagrados e fiéis leigos, nelas dão o seu melhor nas diversas concretizações apostólicas. Falo das associações de fiéis e movimentos, dos institutos religiosos e seculares, das famílias, das instituições e iniciativas de todo o tipo em que a seiva evangélica dá bom fruto. E refiro-me também a todas as realidades sociais e cívicas onde se constrói aquele futuro melhor, justo e solidário de que ninguém de boa vontade pode e quer desistir. Da minha parte, contareis com tudo o que puder, n’ Aquele que nos dá força (cf. Fl 4, 13).
Saúdo com grande amizade os Senhores D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás, bem como todos os membros do cabido e do presbitério, do diaconado e dos serviços diocesanos, dos seminários, paróquias, institutos, associações e movimentos: Todos juntos, na complementaridade dos carismas e ministérios que o Espírito distribui, seremos o Corpo eclesial de Cristo, para que o seu programa vivamente continue, como o enunciou na sinagoga de Nazaré: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres…» (cf. Lc 4, 18 ss).
Vosso irmão e amigo, com Cristo e Maria,
+ Manuel Clemente (Porto, 18 de maio de 2013

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Festa do Pai Nosso



A Oração do Senhor, também conhecida como o Pai Nosso, é talvez a oração mais conhecida do cristianismo. Existem duas versões no Novo Testamento, uma no Evangelho de Mateus (Mateus 6:9-13) e a outra no Evangelho de Lucas (Lucas 11:2-4).



A Festa do Pai Nosso é a festa dos meninos do 2º ano de catequese, que durante todo o ano descobriram como perceber a mensagem que está por detrás desta oração tão bonita e simples mas tão rica que o nosso pai do céu nos deixou. 

Pai nosso, que estás no céu,
Santificado seja o Vosso nome.
Venha a nós o Vosso reino.
Seja feita a Vossa vontade,
Assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos a quem nos têm ofendido.
Não nos deixeis cair em tentação,
Mas livrai-nos do mal,
Amém.


A festa realiza-se no próximo dia 26 de Maio pelas 10h na Capela de Montebelo.

(texto da catequista Rosário)

Deixa-mos, por fim, esta oração cantada em 1982 pelo Papa João Paulo II.

 


 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Senhor de Matosinhos



Por alturas de uma das maiores romarias do Norte de Portugal, não podíamos deixar de publicar sobre o Senhor de Matosinhos.

É em Matosinhos que podemos contemplar aquela que para muitos é a mais antiga imagem de Cristo crucificado existente em Portugal. Foi no ano 124 que, segundo a lenda, as águas do oceano depositaram na praia desta localidade uma belíssima imagem de Jesus na cruz esculpida, poucos anos antes, por Nicodemos, testemunha privilegiada dos últimos momentos da vida de Cristo.
 
Objeto de fortíssima devoção desde a Idade Média, a imagem do Bom Jesus de Matosinhos embora não seja tão antiga quanto insinua a lenda, não deixa de ser efetivamente, aos olhos dos estudiosos, uma das mais antigas imagens de Cristo crucificado que se podem contemplar no nosso país, datando dos séculos XII/ XIII.
 
É uma imagem que só muito raramente sai do interior da sua igreja, tendo ocorrido em 1944 e 1967 as únicas exceções das últimas décadas. No entanto, em momentos de particular aflição, deslocou‐se até ao Porto em procissão e grande fervor religioso. Caso de 1526 na sequência de “apavorantes” calamidades naturais que vinham atingindo a cidade, 1596 e 1644 por ocasião de grandes cheias, ou 1696 por causa de uma “mortífera peste” que enchia os hospitais e “mergulhara a cidade num imenso pavor”.
 
A antiguidade do Senhor de Matosinhos parece ficar igualmente atestada por estarmos em presença de um Cristo significativamente “pudico”. O saiote cobre totalmente uma das pernas, enquanto a outra descobre apenas meio joelho, para evidenciar as feridas de Jesus. Enfim, uma imagem do tempo “em que toda a nudez será castigada”, bem distante de Cristos posteriores representados sem grandes preocupações coma exposição da nudez do corpo. (Excertos retirados da obra, editada pela Câmara Municipal de Matosinhos, “Senhor de Matosinhos. Lenda. História. Património”, de Joel Cleto)
 
Para melhor se compreender a história, a lenda e todo o seu enquadramento, deixamos abaixo documentário do Prof. José Hermano Saraiva para o programa Horizontes da Memória da RTP.
 



sábado, 18 de maio de 2013

Pentecostes



Deixamos algumas palavras do  Pe. Amaro Gonçalo relativamente à Solenidade de Pentecostes:

Das Cinzas da Quaresma, ao fogo do Pentecostes, foram três meses intensos, deste belíssimo Ano da Fé! Propusemo-nos, dia a dia, semana a semana, a sós, em família, em grupo, em comunidade, “içar as velas da fé, na barca da Igreja, para a deixar navegar ao sopro do Espírito Santo”! Nos 40 dias de preparação, que já lá vão, e nestes 50 dias de celebração festiva da Páscoa, que agora se cumprem, procurámos deixar o sopro do Espírito Santo entrar por alguma fresta do nosso coração e reacender em nós a chama da fé. Na verdade, não é possível deixar navegar a barca da Igreja, ao sopro do Espírito Santo, se não forem içadas, pelo mesmo sopro, as suas velas, que são o coração de cada um dos baptizados  Não há, pois, reforma e avanço da Igreja, no mar da história, sem o aprofundamento e a renovação da fé, em todos e cada um dos seus membros.

(...)

Neste dia de Pentecostes, gostava simplesmente de vos dizer isto: “Não tenhais medo de desfraldar a vossa vela ao sopro do Espírito Santo” (João Paulo II, Discurso, 30-04.1998). Invocai-O todos os seus dias! E Ele virá, dos quatro ventos, com o seu sopro, reacender a vossa fé. E impelir a barca da Igreja, na aventura da missão!


Celebrando a Solenidade de Pentecostes:



Ao Espírito que dá Vida

És vento, fogo e água, 
brisa e frescura de nascente,
alegria que não se desfaz 
e declaração de amor para sempre.

És sonho que se realiza 
e ponte entre os contrários,
verdade oferecida 
aos que te procuram por caminhos vários.

És o segundo de cada hora, 
o respirar da própria vida,
sorriso que não se apaga
numa face desconhecida.

És íntimo e silencioso, 
entusiasmado e persistente,
farol que ilumina a noite 
em que se perde tanta gente.

És festa e comunhão, 
gerador de bondade,
amigo dos homens que guias
no caminho da verdade.

És atento e fiel
promessa enfim realizada,
mão que levanta o caído
e aponta a meta desejada.

Fazes do longe perto
e possível o impossível
contigo é tudo simples
como se visse o invisível.

Fazes límpido o olhar
e transparentes as almas
daqueles que em ti confiam
e nos mares da vida acalmas.

Fazes ver a beleza
que está para além do olhar,
não prometes o fácil
nada descobre quem não se aventurar.

Fazes amar a vida
e ensinas a estar contente
resistes a tudo o que é moda
na alegria de ser diferente.

Fazes descobrir os laços
que se enraízam no coração
e reconhecer no outro
o rosto de um irmão.

Faz sempre a maravilha
de darmos vida à vida,
e vem, Espírito Santo,
guiar-nos por caminhos novos
a nós que te amámos tanto.
Amen.

P. Vitor Gonçalves

terça-feira, 14 de maio de 2013

Ele disse AMOR




Como no dia 18 de Maio vão estar cá em Portugal, não podia deixar “passar em claro” esse acontecimento aqui no nosso blog.

Os Barclay James Harvest (BJH) são uma banda histórica com mais de 40 anos de carreira que, inserida no movimento "progressivo" dos anos 60 e 70, criou um estilo próprio com canções de rock melódico fundido com tendências clássicas. Este grupo já atingiu inúmeros recordes, tendo igualmente sido distinguido com vários prémios europeus.


As suas músicas, os seus sucessos, são de alguns anos. Deixamos aqui uma das músicas mais conhecidas e a sua letra. Todos sabemos e nunca é demais esquecer que Ele disse Amor, só o amor nos pode levar mais alto



He Said Love 

There once was a man
Who was born to be king
He changed all our lives
And he made my heart sing
He turned water into wine
And called his fishermen
He cured the sick
The lame could walk
The blind could see again
He told us of the shepherds
And the flowers in the field
The story of the farmer's seed
And the harvest it would yield
He told us of two houses
And the man who lost his son
Of two men in the temple
And the good samaritan

Love
Only love's gonna take you higher
Love
Only love's gonna carry you home


He healed the soldier's servant
He calmed the raging sea
He shared five loaves and two small fish
And five thousand he did feed
He told the rich men share your wealth
He cured the ten sick men
He raised a friend called lazarus
And made him whole again

He said love
Only love's gonna take you higher
Love
Only love's gonna carry you home


He taught the children how to pray
The children he did bless
And mary came with perfume
Before his feet she wept
He gave us bread - his body
He gave us wine - his blood
He asked us all to live in peace
And nothing do but good
Now one friend did betray him
Another did deny
With arms outstretched he died
So all of mankind could survive

There once was a man
Who was born to be king
He'll change all your lives
If you'll just let him in

He said love
Only love's gonna take you higher
Love
Only love's gonna carry you home


Love and understanding carries you home

Love
Only love's gonna take you higher
Higher and higher
He said love
Only love's gonna carry you home
Love...

Por fim...lembra-mos que no próximo sábado, dia 18 de Maio, haverá a atividade da catequese em que daremos o nosso coração a Jesus...

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Voos de liberdade



Hoje transcrevemos os "Altos Voos" do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil. Todos os meses nos oferecem textos muito convidativos à meditação e à troca de ideias.

A propósito do "nosso dia da liberdade", 25 de Abril, o P. Eduardo Novo propõe-nos o seguinte texto:


25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo (
Sophia de Mello Breyner Andresen)

Hoje,

Eu sou...liberdade.

E sinto-me grande na minha pequenez... Mas há sempre qualquer coisa de tesouro insuficiente, mesmo nos nossos ideais mais completos, saberei sequer que sou livre? Saberei que esta liberdade é reflexo da extraordinária capacidade de amar que me constitui no mais fundo? O que me impede de ser livre? Quais são as amarras que me aprisionam? Como posso construir a minha liberdade?

Liberdade com quê... com que valor, com que meios: com quem? O grande meio de transmitir um valor são as pessoas, porque só uma pessoa faz crescer outra pessoa. Valor é o que vale, pesa humanamente; o que torna Valente! O que dá lastro de humanismo e humanidade... A liberdade também é um valor!

E tu? Como crias o teu espaço de liberdade? Criar espaços de liberdade implica antes de mais uma aprendizagem da liberdade interior, saber dizer "sim" e "não".

Na arte da verdadeira liberdade aprende a dizer "não" às dependências. Está atento aos que à tua volta precisam de ti. Gere o excesso de informação, sabes desligar? Já tiveste certamente em inúmeras experiencias que gerir tensões como fascínio–medo! Sê mais contemplativo que turista. Arranja tempo e espaço para organizar o próprio pensar e sentir. Exercita a escolha com prioridades, cultivando a objetividade. Aviva a capacidade de escuta, ficando aberto a outros níveis de comunicação. Descobre que discutir (vendo quem ganha) é diferente de dialogar (buscando a verdade que está para além dos dois). Conhece-te aceitando os teus próprios limites.

Estás convicto do teu papel na sociedade e no mundo? Entendes o silêncio como um vazio ou como meio que permite saborear outros níveis de comunicação mais profundos?

A liberdade implica não ficar fechado em si mesmo, é relação. E isso é o princípio da transcendência: descoberta da religiosidade que nos faz pessoas. E, como nos ensina o Concílio Vaticano II (GS 17) "A verdadeira liberdade é, no homem, o sinal privilegiado da imagem de Deus".

O mistério da liberdade humana está no centro da grande aventura de viver bem a vida. Podemos prescindir de tudo, mas não da liberdade, do sonho e do futuro! Aposta na Vida!

terça-feira, 7 de maio de 2013

Porto - mais um monumento nacional


Como comunidade da cidade do Porto não podíamos deixar passar em claro esta notícia que também nos enche de orgulho:




O governo português declarou como monumento nacional o conjunto constituído pelas igrejas dos Carmelitas Descalços e de Nossa Senhora do Monte do Carmo, no Porto, visto como uma “raridade” no país.

“A implantação geminada de duas igrejas constitui uma raridade no panorama urbano nacional, constituindo uma cenografia de grande impacto visual na zona nobre do Porto setecentista, marcado pelo espírito do urbanismo iluminista”, refere o decreto n.º 4/2013, publicado hoje em ‘Diário da República’.

Segundo o documento, esta implantação permite “observar, lado a lado, dois edifícios de grande qualidade, ilustrativos da evolução histórica da arte em Portugal”.

A igreja dos Carmelitas Descalços, construída entre 1619 e 1628, representa “um bom exemplo de fachada maneirista erudita, encerrando valioso património retabular barroco e rococó”, que inclui um órgão de tubos e um retábulo-mor de José Teixeira Guimarães, da segunda metade do século XVIII.

Já a igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo foi erguida entre 1756 e 1768, com projeto do arquiteto Figueiredo Seixas, com alterações introduzidas por Nicolau Nasoni, arquiteto responsável pelo desenho da Torre dos Clérigos.

“O excecional valor artístico e arquitetónico, a invulgar disposição geminada e a importância urbanística deste conjunto monumental, aliam-se ao interesse dos imóveis como testemunhos históricos da influência das ordens religiosas na história portuguesa e do modo como estas marcaram profundamente a vida espiritual e urbana do país”, realça o decreto governamental.


Por fim deixamos a oração a Nossa Senhora do Carmo:

Bendita Imaculada Virgem Maria, 
beleza e glória do Carmelo, 
vós, que tratais 
com bondade inteiramente especial 
aqueles que se vestem 
com o vosso amantíssimo hábito, 
volvei sobre mim também 
um olhar propício, 
e cobri-me com o manto 
de vossa maternal protecção. 
Por vosso poder, 
fortificai a minha fraqueza, 
por vossa sabedoria 
esclarecei o meu espírito, 
em mim aumentai a fé, 
a esperança e a caridade. 
Ornai a minha alma 
com graças e virtudes 
que a façam cara 
a vosso divino Filho e a vós. 
Assisti-me durante a vida, 
consolai-me na morte 
por vossa amável presença, 
e apresentai-me à augusta Trindade 
como vosso filho e servo dedicado, 
para vos louvar e bendizer eternamente. 
Amen.


(Fonte: Agência Ecclesia - adaptado)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

sábado, 4 de maio de 2013

Menino Jesus... da cartolinha


Na passada semana fiquei a conhecer mais uma devoção ao Menino Jesus que poderá ser novidade para alguns dos seguidores do nosso blog: o Menino Jesus da Cartolinha.



A imagem acima é do referido Menino Jesus, lindamente "engalanado" com uma capa de honra, típica de Miranda do Douro (Bragança).

Para melhor dar a conhecer esta devoção a uma imagem que se encontra em Miranda do Douro (Portugal), transcrevemos um artigo do historiador Joel Cleto e Suzana Faro (http://joelcleto.no.sapo.pt):

L nuosso “menino”. O nosso menino - é assim que, em mirandês (a segunda língua oficial de Portugal), os locais designam carinhosamente o Menino Jesus da Cartolinha. Imagem envolta em mistério, lenda e devoção, a doação de “fatinhos” fidalgos a este “nino Jasus”, guardado na Sé de Miranda do Douro, já era famosa  e largamente documentada nos inícios do século XVIII. Contudo, foi só há cerca de cem anos que ele ganhou o seu mais famoso adereço: a “cartolica”. Uma cartolinha famosa que permite algumas interessantes interpretações sociológicas e históricas, como o da vitória da burguesia comercial e industrial sobre a aristocracia nobiliárquica.


A catedral de Miranda do Douro guarda, entre os seus vários tesouros e relíquias, uma antiga, curiosa e famosa imagem que atrai devotos de ambos os lados da fronteira: o Menino Jesus da Cartolinha. Célebre pelo chapéu que ostenta, esta escultura datada dos finais do século XVII ou do início do século XVIII, é também conhecida pelas oferendas que lhe são feitas: fatinhos, roupas, sapatos e outros adereços de vestuário. De fatos fidalgos, a roupas de bebé, passando por fardas militares, fraques de noivo, trajes universitários ou folclóricos, é muito vasto o guarda-roupa do Menino Jesus de Miranda do Douro. Uma verdadeira “Barbie” (neste caso Ken) devocional.

E como teve origem esta tradição? 

Conta a lenda (ou, pelo menos, uma das versões da lenda) que tudo terá começado durante um dos muitos episódios de cerco e guerra a que Miranda do Douro se viu sujeita ao longo da sua existência. Algumas versões mais “historicizantes” pretendem mesmo que o acontecimento que seguidamente narramos terá ocorrido por volta de 1711, quando Miranda foi invadida pelo exército castelhano durante vários meses.

Estava pois a cidade invadida, saqueada e sem qualquer esperança de socorro ou salvação, já que dos prometidos reforços não se vislumbrara qualquer efectivo, quando surgiu no alto das muralhas uma criança, vestida de fidalgo cavaleiro, gritando e apelando aos mirandeses que pegassem nas armas e lutassem contra os invasores. Foi tal o apelo e o ânimo que, saindo os habitantes das suas casas com as mais improvisadas armas, nomeadamente instrumentos agrícolas, conseguiram o milagroso feito de expulsar os invasores.

No momento de celebrar a vitória constataram, contudo, que da criança que os motivara para a luta e que, em plena batalha, surgira em vários sítios, não havia o mínimo sinal. Compreenderam então que o seu feito se ficara a dever a uma intervenção divina e, por esse motivo, mandaram esculpir uma imagem de um Menino Jesus vestido à fidalgo da época e colocaram-no num altar em plena catedral de Miranda. Durante os anos seguintes, e como forma de agradecimento, eram vestidos novos fatos fidalgos à imagem, nascendo assim a tradição, que posteriormente se alargaria a outras “formas, feitios e tecidos”, de lhe oferecer vestuário. 

Outras versões procuram detectar, na lenda, um misterioso amor proibido ou frustrado de uma fidalga, ou mesmo religiosa, que vestiria a imagem da forma como idealizava o seu secreto noivo: de fidalgo cavaleiro.

Esta versão, embora tropece no facto de em Miranda nunca ter existido qualquer convento feminino, possui a seu favor o facto deste Menino não ser, de facto, um bebé ou uma criança, representando antes um jovem com cerca de dezoito ou vinte anos. Por outro lado, esta versão tem ainda a ajuda de ser historicamente reconhecido que a devoção ao Menino Jesus teve um forte incremento a partir do século XVII, na sequência da Contra-Reforma, exactamente por parte do mundo conventual feminino.

Tenha esta criança motivado a revolta dos populares contra os ocupantes castelhanos, ou seja ela a representação de um amor proibido, a verdade é que a fama desta escultura rapidamente se alicerçou dentro da comunidade e daqui se difundiu um pouco por toda a parte. A prová-lo está o facto de já em 1722 constar do arrolamento dos bens desta Sé Catedral uma vasta lista de fatinhos de cavaleiro que, já naquele tempo, vestiam ao menino. De nada adiantando as disposições ditadas pelas Constituições Sinodais de Elvas de 1633 que proibiam as imagens que usassem “vestidos profanos com topetes” ou aparecessem com “espadas ou outras insígnias indecentes”.

“Indecente” seria considerada, certamente, a cartolinha que o Menino Jesus passou a ostentar desde os finais do século XIX/ inícios do XX. Trata-se pois de um adereço completamente extemporâneo ao aparecimento da imagem, mas que não deixa de ter um profundo significado. Com efeito, a intenção de oferecer a cartola embora tenha sido uma forma de distinguir e tornar ainda mais nobre esta imagem, acabou por representar, no final do século XIX, o reconhecer da importância crescente que os capitalistas e altos senhores burgueses (exactamente os que utilizavam cartola) possuíam na sociedade de então, ultrapassando de algum modo em importância os fidalgos e aristocratas que até então haviam dominado a sociedade e... a forma de vestir do Menino.

E a verdade é que a cartolinha veio para ficar...

A RTP também transmitiu reportagem sobre esta imagem e a sua devoção (http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=512456&tm=8&layout=122&visual=61)