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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Senhor de Matosinhos



Por alturas de uma das maiores romarias do Norte de Portugal, não podíamos deixar de publicar sobre o Senhor de Matosinhos.

É em Matosinhos que podemos contemplar aquela que para muitos é a mais antiga imagem de Cristo crucificado existente em Portugal. Foi no ano 124 que, segundo a lenda, as águas do oceano depositaram na praia desta localidade uma belíssima imagem de Jesus na cruz esculpida, poucos anos antes, por Nicodemos, testemunha privilegiada dos últimos momentos da vida de Cristo.
 
Objeto de fortíssima devoção desde a Idade Média, a imagem do Bom Jesus de Matosinhos embora não seja tão antiga quanto insinua a lenda, não deixa de ser efetivamente, aos olhos dos estudiosos, uma das mais antigas imagens de Cristo crucificado que se podem contemplar no nosso país, datando dos séculos XII/ XIII.
 
É uma imagem que só muito raramente sai do interior da sua igreja, tendo ocorrido em 1944 e 1967 as únicas exceções das últimas décadas. No entanto, em momentos de particular aflição, deslocou‐se até ao Porto em procissão e grande fervor religioso. Caso de 1526 na sequência de “apavorantes” calamidades naturais que vinham atingindo a cidade, 1596 e 1644 por ocasião de grandes cheias, ou 1696 por causa de uma “mortífera peste” que enchia os hospitais e “mergulhara a cidade num imenso pavor”.
 
A antiguidade do Senhor de Matosinhos parece ficar igualmente atestada por estarmos em presença de um Cristo significativamente “pudico”. O saiote cobre totalmente uma das pernas, enquanto a outra descobre apenas meio joelho, para evidenciar as feridas de Jesus. Enfim, uma imagem do tempo “em que toda a nudez será castigada”, bem distante de Cristos posteriores representados sem grandes preocupações coma exposição da nudez do corpo. (Excertos retirados da obra, editada pela Câmara Municipal de Matosinhos, “Senhor de Matosinhos. Lenda. História. Património”, de Joel Cleto)
 
Para melhor se compreender a história, a lenda e todo o seu enquadramento, deixamos abaixo documentário do Prof. José Hermano Saraiva para o programa Horizontes da Memória da RTP.
 



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