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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Silvia Cardoso - A aventureira de Deus


Na publicação de ontem referimos a portuguesa Sílvia Cardoso cuja vida e obra foram reconhecidas pelo Vaticano, mais precisamente pela congregação para a causa dos santos. Este reconhecimento foi difundido amplamente nos meios de comunicação social e transcrevemos aqui um texto que encontramos num blog (http://schoenstatt50aveiro.blogspot.pt/) e sugerimos, portanto, a sua leitura que é um extrato do livro: Um sim decisivo do Padre Miguel Lencastre, sobrinho de Silvia Cardoso:




Em casa de Miguel (Lencastre), vivia uma irmã de sua mãe, D. Sílvia Cardoso, nascida em 26 de Julho de 1882 e falecida em 2 de Novembro de 1950. Essa tia, irmã mais velha de D. Maria Haydée, nunca casou porque o noivo faleceu durante os preparativos do enlace, no ano de 1913. Esse facto terá sido determinante para a mudança de rumo que a sua vida levou.

Em 1917, participa num retiro em Tuy, onde descobre o plano de Deus para si: prestar assistência às crianças pobres e doentes. A partir daí, dedica-se de alma e coração ao apostolado, a tal ponto que, em 1918, adoece com a febre pneumónica. Nesse ano, perde vários membros da sua família nesta terrível pandemia, entre os quais o seu pai, D. Manuel Umbelino. D. Sílvia sobrevive, o que era uma raridade na época, uma vez que ainda não tinha sido descoberta a cura para esta doença. Mal se estabelece, regressa incansável ao seu mister de serviço aos outros, sempre impelida pelo seu profundo amor a Deus.

Na sua biografia, Sílvia Cardoso, a Aventureira de Deus, o anjo das três loucuras, da autoria do padre Moreira das Neves, podemos ler o seguinte: "Sempre trazia consigo uma espécie de saco onde tudo cabia: rosários e devocionários, medalhas e folhetos, peças de roupa que vestiriam os pobres, crucifixos que seriam a última âncora de moribundos. porque não se demorava muito no mesmo lugar, precisava daquele alforge para as suas explorações de andarilha de Deus. Era o alforge da caridade que enchia aqui e além, conforme calhava, e ia esvaziar-se junto das camas dos hospitais, nas creches, nos patronatos, nas celas das prisões, nas salas de catequese, nos armazéns onde houvesse empregadas que precisassem de auxílio. Os pobres faziam parte da sua vida".

D. Sílvia Cardoso amava as crianças e tinha um dom muito especial para "ver" nelas para além do visível. Assim descobriu muitas vocações que encaminhava para o seminário e que patrocinava quando as famílias dos futuros padres não tinham meios para os ajudar.
Ora, em Paço de Ferreira morava uma família de poucos recursos, cujo agregado era constituído pelos pais e cerca de 20 filhos. O pai trabalhava na fábrica de móveis e a mãe fazia trabalho para fora para ajudar no sustento da casa. No curtíssimo tempo que as lides domésticas lhe deixavam livre, dedicava-se a senhora a fazer crossa, que é uma espécie de capote de palha, que serve para abrigar da chuva e do frio. Os filhos também começavam a trabalhar desde tenra idade, para complementar a economia doméstica.

No mês de Agosto de 1943, um deles, de seu nome António, na altura com 12 anos de idade, quando se dirigia para a fábrica onde trabalhava, ao passar em frente ao portão da Casa da Torre, que era o solar da família Lencastre, vê uma bica de água e como tem sede, entra e vai beber. Por casualidade ou por desígnio da providência Divina, D. Sílvia vinha a descer e cruza-se com o António. Entabula diálogo com ele e, a certa altura, pergunta-lhe: "Olha lá, não queres ser padre?" (ele tinha uma cara angelica); e o António responde-lhe naturalmente: "Olhe, nunca pensei nisso, mas além disso os meus pais são muito pobres, não têm dinheiro."
D. Sílvia apressa-se a retorquir: "Vai, fala com os teus pais e se quiseres vem, que o resto eu arranjo."

A família de António Lobo era, também, muito religiosa e, segundo consta, a mãe sempre rezou para que Deus lhe desse a suprema alegria de escolher de entre os seus numerosos filhos um que abraçasse o sacerdócio.

Passados uns dois dias, aparecem em casa da família Lencastre o António e sua mãe, Maria.
Não era a primeira vez que D. Sílvia "adivinhava" a vocação para o sacerdócio de vários rapazes encaminhando-os, em seguida, para a arquidiocese de Évora, pois aí tinha uma base do seu apostolado.

(do livro "Um sim decisivo", pag.37-38)

Nota: D. Silvia morreu antes da ordenação sacerdotal do P. António Lobo, o primeiro português do Instituto dos Padres de Schoenstatt

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