Hoje partilhamos a reflexão do Secretariado Nacional de Liturgia para este tempo da Quaresma (do sermão 206 de Santo Agostinho):
Voltou o tempo aniversário da Quaresma, no qual tenho a obrigação de vos dirigir uma exortação, porque tendes o dever de oferecer a Deus obras que estejam de acordo com estes dias do calendário. Tais obras, porém, não são úteis para o Senhor, mas para vós. Também nas outras épocas do ano o cristão se deve entregar com ardor à oração, ao jejum e à esmola; mas esta solenidade deve estimular inclusive aqueles que habitualmente são preguiçosos; e aqueles que já se entregam com esmero a tais ocupações devem realizá-las ainda com maior intensidade... A repetição anual da solenidade equivale a uma repetição do que Cristo Senhor sofreu por nós na sua única morte. O que teve lugar uma só vez na história para a renovação da nossa vida, celebra-se todos os anos para perpetuar a sua memória... Depois dos dias do nosso abatimento, chegará o tempo da nossa exaltação, não ainda no repouso da visão, mas na satisfação de o contemplar nas celebrações que o simbolizam...
Às nossas orações juntamos a esmola e o jejum, como asas da piedade com as quais podem chegar mais facilmente até Deus...
Não sejam os vossos jejuns como aqueles que o profeta condena: Não é esse o jejum que Me agrada, diz o Senhor. Expulsa o jejum da gente litigiosa, busca o dos piedosos. Condena os que oprimem, busca os que libertam. Condena os que semeiam discórdias, busca os que fazem a paz. Este é o motivo pelo qual nestes dias deveis refrear os vossos desejos de coisas lícitas, para não sucumbirdes às ilícitas. Nunca se embriague nem cometa adultério quem nestes dias se abstém do matrimónio. Desta forma, a nossa oração, feita com humildade e caridade, com jejum e esmolas, moderação e perdão, leva-nos a praticar o bem e a não devolver o mal, afasta-nos do mal e entrega-nos à virtude, busca a paz e consegue-a. Na verdade, a oração, ajudada pelas asas de tais virtudes, voa e chega mais facilmente ao Céu, onde nos precedeu Cristo, nossa paz.
(Antologia Litúrgica, 3774-3776)
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