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segunda-feira, 31 de março de 2014

Quaresma em Montebelo

Hoje transcrevemos uma mensagem da coordenadora do nosso centro de catequese que é também um convite à leitura e reflexão para todos os catequistas...e não só






Caros Catequistas

Achei relevante relembrar a todos algumas características  para ser  catequista e aproveitem a Quaresma para fazer esta reflexão.

·         Virtudes do Catequista:
 

  • Catequista é um mestre de oração (catecismo da IC. 2663).
  • O Catequista é um mediador, que facilita a comunicação entre Deus e o Homem (diretório geral para catequese pág. 162, cap. 156).
  • O Catequista é um intérprete da igreja junto aos catequizados (catequese renovada 26, pág 56).
  • O Catequista é alguém que catequiza em nome de Deus e da comunidade profética. Em comunhão com os pastores da igreja (catequese renovada 26, pág 56 nº 146).
  • O Catequista é testemunha ativa do evangelho em nome da igreja (diretório geral para catequese pág. 165)


Para ser bom catequista é necessário:


  • Espiritualidade profunda – rezar e testemunhar o cristianismo, não perder nunca a intimidade com Deus.
  • Integração na comunidade – Participar ativamente de toda a vida da Igreja. O catequista deve exercer o ministério de forma continuada e permanente.
  • Senso crítico – ler, estudar, e analisar coerentemente os factos da Igreja do mundo. A alienação é um mal que jamais deve tomar o catequista.
  • Animação – saber ouvir e dialogar, procurar não mostrar dúvidas e insegurança, animar de tal forma o encontro de catequese, que leve o catequizando a um conhecimento  alegre da doutrina da Igreja.
  • Qualidade humanas – didática, psicológicas, equilíbrio, carinho.
  • Formação doutrinária – procurar conhecer a doutrina católica, estudar sobre seus diversos aspetos, através de leituras, cursos etc.


Nota - Ser catequista não é ser professor. Aulas são dadas na escola. Os encontros de catequese têm a preocupação de anunciar Jesus e levar o catequizando a uma aproximação maior com a Igreja.

Por ser considerado pelas crianças como modelo, o catequista deve dar testemunho daquilo que prega, de viver o que anuncia.
 
O essencial a um bom catequista é o AMOR, daí emana:

  • Compreensão
  • Carinho
  • Dedicação
  • Atenção
  • Preparação
  • Serviço


ORAÇÃO DO CATEQUISTA:
Senhor, tu me chamaste a ser catequista na tua Igreja neste país, na tua comunidade que também é minha. Tu me confiaste a missão de anunciar a tua palavra, de denunciar o pecado, de testemunhar, pela minha própria vida, os valores do evangelho. Recuo diante do teu chamado. É pesada, Senhor, a minha responsabilidade. Mas, se me escolhestes confio na tua graça. Caminharemos juntos, Senhor, tu, apoiando-me, iluminando-me; eu, colocando-me à tua disposição, à disposição da tua Igreja, preparando-me, atualizando-me sempre mais para servir melhor o teu povo. Faz-me teu instrumento para que venha o teu reino, reino de amor e paz, de fraternidade e justiça, reino, onde Deus será tudo em todos. Amém. 

Boa reflexão, boa oração e uma óptima semana para todos.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Quaresma de 2014 - Mensagem do Papa Francisco

Como hoje é a primeira sexta-feira da Quaresma, deixamos aqui a mensagem do Santo Padre, Papa Francisco




Queridos irmãos e irmãs!

Por ocasião da Quaresma, ofereço-vos algumas reflexões com a esperança de que possam servir para o caminho pessoal e comunitário de conversão. Como motivo inspirador tomei a seguinte frase de São Paulo: «Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza» (2 Cor 8, 9). O Apóstolo escreve aos cristãos de Corinto encorajando-os a serem generosos na ajuda aos fiéis de Jerusalém que passam necessidade. A nós, cristãos de hoje, que nos dizem estas palavras de São Paulo? Que nos diz, hoje, a nós, o convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico?

A graça de Cristo

Tais palavras dizem-nos, antes de mais nada, qual é o estilo de Deus. Deus não Se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza: «sendo rico, fez-Se pobre por vós». Cristo, o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um de nós; despojou-Se, «esvaziou-Se», para Se tornar em tudo semelhante a nós (cf. Fil 2, 7; Heb 4, 15). A encarnação de Deus é um grande mistério. Mas, a razão de tudo isso é o amor divino: um amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em doar-Se e sacrificar-Se pelas suas amadas criaturas. A caridade, o amor é partilhar, em tudo, a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez connosco. Na realidade, Jesus «trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado» (CONC. ECUM. VAT. II, Const. past. Gaudium et spes, 22).

A finalidade de Jesus Se fazer pobre não foi a pobreza em si mesma, mas – como diz São Paulo – «para vos enriquecer com a sua pobreza». Não se trata dum jogo de palavras, duma frase sensacional. Pelo contrário, é uma síntese da lógica de Deus: a lógica do amor, a lógica da Encarnação e da Cruz. Deus não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o amor de Cristo! Quando Jesus desce às águas do Jordão e pede a João Batista para O batizar, não o faz porque tem necessidade de penitência, de conversão; mas fá-lo para Se colocar no meio do povo necessitado de perdão, no meio de nós pecadores, e carregar sobre Si o peso dos nossos pecados. Este foi o caminho que Ele escolheu para nos consolar, salvar, libertar da nossa miséria. Faz impressão ouvir o Apóstolo dizer que fomos libertados, não por meio da riqueza de Cristo, mas por meio da sua pobreza. E todavia São Paulo conhece bem a «insondável riqueza de Cristo» (Ef 3, 8), «herdeiro de todas as coisas» (Heb 1, 2).

Em que consiste então esta pobreza com a qual Jesus nos liberta e torna ricos? É precisamente o seu modo de nos amar, o seu aproximar-Se de nós como fez o Bom Samaritano com o homem abandonado meio morto na berma da estrada (cf. Lc 10, 25-37). Aquilo que nos dá verdadeira liberdade, verdadeira salvação e verdadeira felicidade é o seu amor de compaixão, de ternura e de partilha. A pobreza de Cristo, que nos enriquece, é Ele fazer-Se carne, tomar sobre Si as nossas fraquezas, os nossos pecados, comunicando-nos a misericórdia infinita de Deus. A pobreza de Cristo é a maior riqueza: Jesus é rico de confiança ilimitada em Deus Pai, confiando-Se a Ele em todo o momento, procurando sempre e apenas a sua vontade e a sua glória. É rico como o é uma criança que se sente amada e ama os seus pais, não duvidando um momento sequer do seu amor e da sua ternura. A riqueza de Jesus é Ele ser o Filho: a sua relação única com o Pai é a prerrogativa soberana deste Messias pobre. Quando Jesus nos convida a tomar sobre nós o seu «jugo suave» (cf. Mt 11, 30), convida-nos a enriquecer-nos com esta sua «rica pobreza» e «pobre riqueza», a partilhar com Ele o seu Espírito filial e fraterno, a tornar-nos filhos no Filho, irmãos no Irmão Primogénito (cf. Rm 8, 29).

Foi dito que a única verdadeira tristeza é não ser santos (Léon Bloy); poder-se-ia dizer também que só há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo.


O nosso testemunho

Poderíamos pensar que este «caminho» da pobreza fora o de Jesus, mas não o nosso: nós, que viemos depois d'Ele, podemos salvar o mundo com meios humanos adequados. Isto não é verdade. Em cada época e lugar, Deus continua a salvar os homens e o mundo por meio da pobreza de Cristo, que Se faz pobre nos Sacramentos, na Palavra e na sua Igreja, que é um povo de pobres. A riqueza de Deus não pode passar através da nossa riqueza, mas sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo.

À imitação do nosso Mestre, nós, cristãos, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar. A miséria não coincide com a pobreza; a miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança. Podemos distinguir três tipos de miséria: a miséria material, a miséria moral e a miséria espiritual. A miséria material é a que habitualmente designamos por pobreza e atinge todos aqueles que vivem numa condição indigna da pessoa humana: privados dos direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade como o alimento, a água, as condições higiénicas, o trabalho, a possibilidade de progresso e de crescimento cultural. Perante esta miséria, a Igreja oferece o seu serviço, a sua diakonia, para ir ao encontro das necessidades e curar estas chagas que deturpam o rosto da humanidade. Nos pobres e nos últimos, vemos o rosto de Cristo; amando e ajudando os pobres, amamos e servimos Cristo. O nosso compromisso orienta-se também para fazer com que cessem no mundo as violações da dignidade humana, as discriminações e os abusos, que, em muitos casos, estão na origem da miséria. Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha.

Não menos preocupante é a miséria moral, que consiste em tornar-se escravo do vício e do pecado. Quantas famílias vivem na angústia, porque algum dos seus membros – frequentemente jovem – se deixou subjugar pelo álcool, pela droga, pelo jogo, pela pornografia! Quantas pessoas perderam o sentido da vida; sem perspetivas de futuro, perderam a esperança! E quantas pessoas se veem constrangidas a tal miséria por condições sociais injustas, por falta de trabalho que as priva da dignidade de poderem trazer o pão para casa, por falta de igualdade nos direitos à educação e à saúde. Nestes casos, a miséria moral pode-se justamente chamar um suicídio incipiente. Esta forma de miséria, que é causa também de ruína económica, anda sempre associada com a miséria espiritual, que nos atinge quando nos afastamos de Deus e recusamos o seu amor. Se julgamos não ter necessidade de Deus, que em Cristo nos dá a mão, porque nos consideramos autossuficientes, vamos a caminho da falência. O único que verdadeiramente salva e liberta é Deus.

O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a todo o ambiente o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, de que Deus é maior que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e sempre, e de que estamos feitos para a comunhão e a vida eterna. O Senhor convida-nos a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e esperança. É bom experimentar a alegria de difundir esta boa nova, partilhar o tesouro que nos foi confiado para consolar os corações dilacerados e dar esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na escuridão. Trata-se de seguir e imitar Jesus, que foi ao encontro dos pobres e dos pecadores como o pastor à procura da ovelha perdida, e fê-lo cheio de amor. Unidos a Ele, podemos corajosamente abrir novas vias de evangelização e promoção humana.

Queridos irmãos e irmãs, possa este tempo de Quaresma encontrar a Igreja inteira pronta e solícita para testemunhar, a quantos vivem na miséria material, moral e espiritual, a mensagem evangélica, que se resume no anúncio do amor do Pai misericordioso, pronto a abraçar em Cristo toda a pessoa. E poderemos fazê-lo na medida em que estivermos configurados com Cristo, que Se fez pobre e nos enriqueceu com a sua pobreza. A Quaresma é um tempo propício para o despojamento; e far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói.

Pedimos a graça do Espírito Santo que nos permita ser «tidos por pobres, nós que enriquecemos a muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2 Cor 6, 10). Que Ele sustente estes nossos propósitos e reforce em nós a atenção e solicitude pela miséria humana, para nos tornarmos misericordiosos e agentes de misericórdia. Com estes votos, asseguro a minha oração para que cada crente e cada comunidade eclesial percorra frutuosamente o itinerário quaresmal, e peço-vos que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!


Vaticano, 26 de dezembro de 2013

quarta-feira, 5 de março de 2014

Quaresma: Renascer das Cinzas

Hoje que começa a Quaresma, transcrevemos um texto de Octávio Carmo publicado na Agência Ecclesia que nos convida a pensar no sentido deste tempo de preparação para a Páscoa:



O início da Quaresma convida à reflexão e à ação, pela mão do Papa Francisco, relativamente aos temas da pobreza, da miséria, da construção da sociedade e da relação com Deus e entre pessoas. Iniciado simbolicamente sob as cinzas, este tempo de preparação para a Páscoa convida a um renascimento, uma mensagem particularmente importante no momento que se vive, a nível nacional.
O debate sobre o magistério social e económico do Papa argentino tem padecido, em muitos casos, do mesmo mal que dimensionou avassaladoramente a atual crise: qualquer questão pessoal, humana, ética e transcendente é colocada em segundo plano face às estruturas, ao discurso centrado no mundo financeiro, à guerra político-partidária.

Discutir a pobreza, pela mão do primeiro Papa sul-americano, é falar de uma cultura de desperdício, é questionar os fatores que, dentro da mesma sociedade, fazem aumentar as desigualdades e o sofrimento humano, sem direito a uma vida digna. Mas discutir a pobreza, segundo Francisco, não é apenas contestar uma condição socioeconómica que limita o horizonte da existência humana: a pobreza é também uma atitude de discernimento, uma hierarquia de valores interna e social que leva a utilizar os recursos em função dos outros, promovendo os desfavorecidos e respeitando as gerações futuras.

Esta Igreja «pobre para os pobres» que o Papa quer levar os católicos a formar exige uma conversão profunda, que é mais do que uma mera transformação administrativa ou estrutural. Contra a corrente, cada cristão é chamado a aprender a ser pobre, a projetar a sua existência para lá das contingências quotidianas, sacudindo o pó sem deixar-se agarrar pela terra do presente, com a certeza do futuro que a fé lhe oferece.

A pobreza é uma marca do cristão e, sem qualquer dúvida, uma exigência fundamental para a credibilidade da mensagem que procura transmitir. Muitos são os que lhe pedem este testemunho de sobriedade, centrado no essencial, condenando quaisquer sinais de luxo ou exibicionismo. A esses, é preciso dar a conhecer os fundamentos do valioso património espiritual que a Igreja transporta consigo.

É importante, por isso, repetir com Francisco que a pobreza se transforma em miséria(s) quando cada pessoa perde um horizonte de esperança, de confiança e de solidariedade. Não se pode esperar que sejam quem queimou a sociedade a promover a sua recuperação. Só um mundo verdadeiramente novo, que na fé católica nasce do Alto, poderá ajudar todos a renascer das cinzas.