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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Lembrar João XXIII





No passado dia 3 de Junho passaram-se 50 anos da morte do Papa João XXIII. Para assinalar a efeméride, transcrevemos alguns depoimentos retirados da Agência Ecclesia, que relembram este importante exemplo e homem da igreja.

Apresentando-o, Angelo Giuseppe Roncalli nasceu em 1881 na localidade de Sotto il Monte, Bérgamo, onde foi pároco, professor no Seminário, secretário do bispo e capelão do exército durante a I Guerra Mundial.
João XXIII iniciou a sua carreira diplomática como visitador apostólico na Bulgária, de 1925 a 1935; foi depois delegado apostólico na Grécia e Turquia, de 1935 a 1944, e Núncio Apostólico na França, de 1944 a 1953.
Em 1953, Angelo Roncalli foi nomeado patriarca de Veneza e no dia 28 de outubro de 1958 foi eleito Papa, sucedendo a Pio XII.
O Papa Francisco definiu João XXIII como um “modelo de santidade”, e que foi um homem “capaz de transmitir paz” e construir amizades, mesmo em ambientes distantes do catolicismo.
“Precisamente nestes ambientes, ele mostrou-se um eficaz tecedor de relações e um válido promotor da unidade, dentro e fora da comunidade eclesial, aberto ao diálogo com cristãos de outras Igrejas, com representantes do mundo judaico e muçulmano e com muitos outros homens de boa vontade”, declarou Francisco, perante milhares de pessoas reunidas na Basílica de São Pedro, após uma missa que assinalou o 50.º aniversário da morte do Papa italiano.
 “O mundo inteiro tinha reconhecido no Papa João um pastor e um pai. Pastor porque era pai”, disse Francisco, após a cerimónia, evocando os momentos de “comoção” que antecederam a morte de João XXIII.
O Papa que convocou e iniciou os trabalhos do Concílio Vaticano II foi lembrado como alguém que chegou ao “coração de pessoas muito diferentes, mesmo de muitos não cristãos”.
Francisco acrescentou que a “obediência” foi para João XXIII uma “disposição interior” que o levou a obedecer aos seus superiores sem “procurar nada para si” e a ser exemplo de "santidade".
“Este é um ensinamento para cada um de nós, mas também para a Igreja do nosso tempo: se soubermos deixar-nos conduzir pelo Espírito Santo, se soubermos mortificar o nosso egoísmo para dar espaço ao amor do Senhor e à sua vontade, então encontraremos a paz”, declarou.
O novo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, afirmou que o Papa João XXIII teve uma “vida providencial” para a Igreja e o mundo e recorda que Angelo Roncalli “passou por todas as fronteiras onde tinha de passar”. Acrescentou ainda que João XXIII teve “a intuição de uma Igreja que tem de incorporar o que foi a sua própria vivência nas várias fronteiras da Cristandade, também com o mundo islâmico e, sobretudo, com um mundo diferente do pós-guerra, que ele tinha absorvido muito nos seus tempos da nunciatura em Paris”.
Manuela Silva, antiga presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, recorda o Papa italiano como “uma personalidade”, que deve ser recordado pela sua “bondade”, mas também “por outros atributos, por ter sido alguém que “rompeu fronteiras” e “rasgou horizontes”.
Já o historiador António Matos Ferreira sublinha que Angelo Roncalli “era um homem do terreno, para além de ser de uma grande espiritualidade”.
“João XXIII encarna a necessidade de uma transição geracional, que depois se vai consolidar com Paulo VI. Foi um Papa que desencadeou processos de mudança importantes no interior do catolicismo”, sustenta.

D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé, esteve na Arquidiocese de Bérgamo a 24 de junho de 2012 para presidir à festa patronal da paróquia de São João Batista, no dia seguinte, visitar a casa dos pais do Papa João XXIII relata: “Notei uma fotografia junto a uma carta escrita à mão. Aproximei-me e li: ‘Queridos pais, celebrei 50 anos de sacerdote e não vos escrevi porque o tempo não me permitiu, mas quero dizer-vos que li muitos livros mas o melhor da minha vida foi o vosso, foi o que aprendi convosco em casa. A família é a melhor escola’”.

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